sábado, 5 de julho de 2025

DIVERSIDADE NA FRONTEIRA

 Quando é que os clássicos da literatura ocidental não vão mais ser censurados e voltar a fazer parte do curriculum escolar? Vão dizer que é preciso leitura da atualidade? Tudo o que percebo é que se quer gerar confusão, aliás aprenderam todos, e digo todos os lados, com os russos. Foram eles que desenvolveram essa técnica. Quanto mais desinformação, confusão, melhor para seguir com algum plano sem que os outros percebam. 

Nos dois anos de filosofia que cursei, tive disciplinas de teologia entremeadas. Uma delas era sobre o Antigo e Novo Testamento. Na época não tinha internet, e tivemos acesso a um clássico grego (estive procurando mas não encontrei, procurei até nos arquivos digitais do Vaticano) que levantava todas as questões morais bíblicas. Por quê? Era para mostrar como não tinha consistência ao longo dos séculos de compilação dos livros. 

Voltei a ler os clássicos, comecei com os estóicos (tradução ótima), depois Cícero, depois Vidas e doutrinas de filósofos ilustres de Diógenes Laertius (fiquei feliz que uma editora republicou, custava R$ 400 a 600 e agora R$ 150, mesma tradução) e outros que com ajuda da IA consigo traduzir dos originais porque não tem em português. 

Percebo que posso estar fora do tempo e do compasso. No entanto tenho inquietações, estava analisando uma questão com relação a Bahia. No últimos tempos ela passou 30 anos pelo carlismo (o toninho malvadeza como os paulistas chamavam) e agora já são 17 anos de PT. Bah tchê! Isso é uma geração e o que mudou?

Tenho uma vantagem de estar próximo das fronteiras. Toda fronteira normalmente é malcuidada. Por ser uma zona sujeita a conflitos, visto que a federal é de 100km e nós estamos dentro dela, sempre será uma região esquecida quando comparada a outros grandes centros do país.

Porém, existe a fronteira estadual e estive no festival de dança de São Lourenço. Duas apresentações tinham cunho militar. E elas me impressionaram justamente por saber analisar mais a fundo a questão. Mostravam mais de um ponto de vista, do tipo, olha, precisamos por essa e aquela razão, porém, se não ficarmos atentos teremos o que não queremos e o que não servirá para nossa sociedade.

Isso remete a um pensamento estoico que li dias atrás, não sou bom de memória, era algo relacionado com aquilo que precisa ser feito para o bem, para o bom uso da razão e viver de acordo com a natureza. Será que não precisamos pensar no que é bom para todos? 

Antes que esqueça de fechar o ponto das fronteiras. A fronteira estadual do lado de lá está bem desenvolvida e com uma programação cultural invejável. Interessante é que é no mesmo estado onde em outro município querem que o livro “Capitães de areia” tenha censura. Qual censura? Quem será o iluminado? Será nos mesmos moldes dos que censuram a literatura clássica ocidental?

O lado de cá da fronteira estadual também é bem desenvolvido. Será que os dois lados estão apontando um novo entendimento? Diversidade nas fronteiras? Estar aberto para diversas visões e não somente uma e única?

O livre pensar de hoje termina aqui, importa não perder a curiosidade da criança que habita nosso ser.


quarta-feira, 2 de julho de 2025

DECEPÇÃO

Resolvi ir tomar um café. Para um dia frio, com um sol sem graça era a melhor pedida. Só agora fui escrever porque o tema cravou forte nos neurônios. 

Sempre dou quando não esqueço um poema de presente para os que trabalham no café. A senhora estava sentada numa mesa e também dei um. Expliquei como sempre faço que são 40 poemas diferentes e nunca sei o que sai e nem eu sei os meus sem ler.

A conversa seguiu no balcão com uma das funcionárias. Conversamos diversos assuntos e depois que paguei a conta, a senhora da mesa chamou pelo nome. Fui até ela e ela mostrou o celular dizendo: uma resposta ao seu poema. Fui direto ler e achei estranho na primeira frase, mas ainda assim fui para a seguinte, porque podia ser alguém começando a escrever. No final da segunda frase olhei toda a tela e vi o símbolo da IA do Chat GPT. 

Perguntei como era uma resposta se o escrito não tinha parte do meu poema. Aí ela disse que tinha tirado uma fotografia do poema e enviado pedindo uma resposta poética. Então eu disse para ela: percebo que seu modelo e uso não está afinado com poesia ainda. É uma mistura de prosa e poesia, com trechos longos e circulares. Ela olhou com espanto, fiz parecer que continue lendo e quando terminei disse. Interessante. Ela nada mais falou.

Estou pensando por onde começar. Porque se o meu poema fosse um artigo científico de difícil compreensão, tudo bem. Era só um poema e a pessoa, ela mesma não tinha nada para dizer. Isso me deixou mais chateado ainda.

Eu uso IA para pesquisa, tradução do que não existe em português, alguma ilustração para poema que tenha escrito e revisão gramatical. E o uso que ela fez pareceu ser o ápice de um vazio existencial que vivi ali na hora.

Muito triste, será que vamos cair nessa decadência? Poderia até ser algo do tipo, ele me entregou um poema e eu preciso ter algo para dizer que também sou isso ou aquilo. Pior ainda porque automatiza algo que deveria ser normal.

Será que daqui a pouco ganhando uma propaganda, um cartão de feliz aniversário a pessoa vai devolver outro?

Precisamos evoluir muito ainda e eu fico pensando nessa questão. Deveria ter perguntado para ela o que motivou a fazer isso. Se eu recebesse algo que não compreendesse iria perguntar. Se não gostasse iria fazer minha crítica. Enfim, nesse caso não iria recorrer a uma máquina para mostrar uma resposta que no fundo soou mais vazia do que caixa de água sem água na hora do banho. 


quinta-feira, 26 de junho de 2025

ILUSÃO

Pelo visto nossa memória histórica continua muito mal, perdida em livros didáticos que são decorados para alguma prova e nada mais. Rapidamente todos esquecem os grandes genocídios que aconteceram e que eles só foram possíveis porque o silêncio de quem podia fazer algo gritou mais alto.

O exercício do poder nas suas mais diversas formas têm feito estragos cada vez maiores. Até escrever uma opinião pessoal e colocar num local que pode ser acessado gera um certo temor. É um risco, porque se alguém não gostar e for quem tem a espada na mão será um problema.

Enfim, melhor seguir em frente. Já bati nessa tecla diversas vezes e vou continuar. Nós ainda não nos reconhecemos como fazendo parte da mesma espécie. A espécie humana no seu todo tem direito a vida. Assim, lembro do tempo de escola. Tinha o colega que estava sempre batendo em alguém mais fraco por qualquer motivo. A motivação não ficava clara, bastava um olhar observador e sobrava. Até que um belo dia o mais forte da turma se incomoda com a situação. A motivação dele também não era muito clara, tinha algo que não ia bem. As vezes uma briga encolhia o recreio e isso ninguém queria.

Aí o mais forte numa briga dos outros dois, ia lá e batia nos dois, colocava cada um para cada lado. As vezes até dizia que estava de .... porque sempre eram os mesmos brigando e arrematava “vocês não têm coisa melhor para fazer?”.

Minha dúvida fica porque também existiam as situações onde a briga de dois acabava numa briga de dois grupos. Claro, algo como dois ou três para cada lado. Isso nunca terminava bem, era pior do que a ação do grandão.

Bem, homens e mulheres ainda não se reconhecem como sendo da mesma espécie e que é a espécie que se perpetua. Por isso temos todos esses exageros de guerras desnecessárias, porque poderíamos estar disputando sobre quem faz melhor para o maior conjunto de indivíduos. Nenhuma ditadura é a favor da maioria, ela sempre só protege um grupelho.

Fica então a questão para reflexão. Se o meu vizinho dissesse em alto e bom som para todos que quer me eliminar e fosse fazendo pequenos atos que indicassem sua intenção: dificultar minha saída da garage, jogar entulho próximo do meu portão, ficar fazendo carga e descarga de materiais de construção na calçada na frente de casa e outros mais... oque eu deveria fazer? Ficar de braços cruzados esperando a ajuda de alguém? Ir na polícia e entrar na fila dos casos de ameaça sem agressão física?

Lembrei agora. É como aquele caso do furto no estabelecimento. Depois que aconteceu e quem foi furtado comunicou num grupo de segurança da vizinhança outros descobrem que a mesma pessoa passou antes pelos estabelecimentos e que acharam estranho. Oras, quando achar estranho avisar os outros que você também achou estranho não fará mal e deixará o alerta ligado.

Ligando com o anterior, meus antepassados vieram fugindo da guerra. Minha avó contava que a mãe dela contava que mãe dela, avó da minha avó, dizia que eles não tinham mais saída. Faltava tudo, a pobreza era extrema e era preciso encontrar outro lugar para poder viver. Lutaram para estar aqui, porque qualquer lugar era hostil. Deixaram tudo e foram em frente. Sou muito grato pela dedicação e coragem que tiveram.

Guerras e outros ninguém quer. Porém, se continuam insistindo em querer varrer alguém do mapa, uma cultura inteira, então que se vá para a força maior, aquela que de fato fizer a diferença. Se hoje posso ler, ter escolhas, ir aonde quiser e outras liberdades individuais é porque lá atrás alguém pegou em armas e lutou contra a ditadura, a tirania. E se hoje ditadores, torturadores, aproveitadores do bem que outros produzem, que se usem as forças necessárias para contê-los para que lá frente outros possam continuar sendo livres.

Será tudo isso uma ilusão que estou vivendo?

segunda-feira, 2 de junho de 2025

PRECISAMOS PENSAR, FAZER USO DA RAZÃO

É o problema dos dias atuais, de querer tudo pronto sem nada fazer. Nas palavras de Miguel Lannes "A IA serve para te ajudar, mas não pode substituir o processo que forma sua mente. Se você só consome respostas prontas, você perde a habilidade de pensar por conta própria e de desenvolver seu pensamento crítico.". Penso que nem precisa mais adicionar o termo "crítico", porque nem se quer pensando para habilidades simples as pessoas estão querendo. 

Li um artigo sobre o uso da IA para cuidados pessoais e de beleza. Uma "avaliação honesta" da IA como os usuários dizem. Eles confiam na IA e seguem o receituário porque acreditam que ela é imparcial. Bem, isso é duvidoso, porque ela recomenda produtos. Esses produtos podem muito bem ser direcionados pelos fabricantes. A IA não questiona princípios e do porque querer agradar as outras pessoas a todo e qualquer preço.

Continuo usando a IA para pesquisa, aliás, através dela consegui encontrar em domínio público o livro Vidas e Doutrinas de filósofos ilustres de Diógens em inglês. Depois ela sugeriu uma boa tradução via tradução de site e ao mesmo tempo encontrou edição nova em papel e bem mais barata. 

Resultado, comprei a versão impressa e tenho uma versão pesquisável. Mas, a IA perguntou: Cláudio, você quer um resumo da obra? Aí digo que não porque quero eu mesmo ler, pesquisar e saber mais sobre os antigos filósofos. Ela responde: isso é positivo e se precisar encontrar alguma outra fonte que tenha encontrado nas referências estou pronta para ajudar a procurar.


segunda-feira, 19 de maio de 2025

CONFUSÃO

 Penso que a confusão tem objetivos bem claros para todo aquele que quiser ser superior aos outros sem merecê-lo. Afinal, quem não vence pelo uso da razão, da lógica e da argumentação recorre para as armas. No entanto estar armado fisicamente tem um custo muito alto, muito embora continuemos a ter guerras em terra, na água e no ar. Porém, existem outros meios mais sutis, eles procuram gerar a insegurança total a ponto de dominar as mentes pelo medo. Algo como, olha poderia estar pior, veja só a situação em outros locais do mundo. Isso fica parecendo como o aluno que chega com péssimas notas em casa e para se justificar diz que tem outros que foram pior que ele. Ora, ora, ser melhor do que os piores não vale nada. Importa sim procurar ser melhor do que ontem e claro, não melhor no gerar insegurança e confusão. É preciso ficar atento e sempre se perguntar para início de conversa. A confusão aconteceu, foi um caso a parte ou alguém se beneficia dela? Se alguém estiver se beneficiando, então é melhor não levar adiante. É preciso pensar mais sobre aquilo compartilhamos para não gerar mais confusão ainda. Devemos ser rigorosos na avaliação e assim não sermos aqueles que "inocentemente" também contribuem para aumentar a confusão.

segunda-feira, 5 de maio de 2025

TODOS OS DIAS

 Todos os dias, menos aos domingos, vou para a academia logo cedo. Gosto de acordar o dia com disposição e assim ter mais tempo para estar presente, fazendo parte do universo.

Em vários pontos encontro as mulheres fazendo limpeza das ruas. Uma na Cango, próximo do Morro do Cristo, outras na praça central e outras na avenida. Sempre que perto cumprimento e ainda dou um cartão poético de tempos em tempos.

No início elas olhavam com desconfiança, depois foram percebendo que sou um pouco diferente. Vamos pensar, como ficariam nossas ruas sem a dedicação delas? Seria um caos porque infelizmente a maioria ainda é do modelo consumir e descartar. Sem a mínima educação de levar seu lixo, seu resíduo, para o destino adequado.

Falando nisso, uma cena que se repete na rua. Para facilitar a coleta de lixo, o funcionário passa antes e agrupa os lixos de várias casas para maximizar o uso do caminhão coletor.  Tem quem espera o agrupamento do lixo e aí vai lá e coloca tudo o que quer se desafazer. Outro dia o funcionário do caminhão não levou as garrafas de vidro. Afinal, existe o dia para coleta de recicláveis.

Tenho dificuldade para compreender um comportamento assim porque não é alguém sem formação, estudo, boa situação financeira. Reconheço que não compreendo.

domingo, 4 de maio de 2025

ACADEMIA BRASILEIRA DA PALHAÇARIA

Nada contra a arte da palhaçaria, muito pelo contrário, gosto de ir ao circo e apreciar como os palhaços e no último tinha uma palhaça, excelente na arte. Eles conseguem arrancar risadas com bom humor do público presente.

Se alguém faz um tipo de humor, claro que ele é arte e sempre terá público. É uma expressão livre e todos temos direito a ela nas suas mais variadas formas. 

Numa brincadeira bem humorada o Tiririca passou a ser membro da Academia Brasileira de Letras.

Será que se fosse fundada uma Academia Brasileira da Palhaçaria nós da literatura seríamos aceitos? Pesquisei e não existe tal academia. A minha dúvida é justamente em relação aos objetivos de cada uma.

Se tudo ficar misturado no futuro, qual será a referência? A confusão seria tal qual entrar numa loja de ferragens para construção civil e querer comprar tecido para costurar uma blusa.

Enfim, vou torcer pela fundação da Academia Brasileira da Palhaçaria e isso não é uma piada, é sério.