A Caverna de Platão – Um Comentário Atualizado
Cláudio Loes
Revisão em 2025
Há vinte anos é que se vivia bem, tudo parecia funcionar: a escola era garantida, o diploma trazia o emprego e a aposentadoria parecia segura. Quando olhamos ao redor e ouvimos pessoas dizendo “antigamente era melhor”, perguntamos: e por que não nós?
Hoje temos uma verdadeira passarela, onde mudanças e novidades se sucedem sem pausa. O telefone se transformou em smartphone, integrando áudio, imagem, dados e até inteligência artificial. O Windows substituiu o DOS em silêncio; depois vieram a internet, as redes sociais, o streaming e tantas outras revoluções que mudaram nossa forma de viver.
A internet, que surgiu nos meios acadêmicos, conquistou o mundo. Mas onde ficaram os sistemas de BBS e EDI, antes tão promissores? Na agricultura, as transformações se multiplicaram: o pequeno produtor, antes cortejado por cuidar da terra, hoje se vê às voltas com tecnologias que muitas vezes não compreende. A enxada deixou de ser garantia de sustento. Os pequenos mercados foram engolidos por grandes redes; alguns resistem, mas em número cada vez menor.
Buscar o real e abandonar as sombras é um desafio constante. Isso exige tomar iniciativas, correr riscos e experimentar o novo. Não à toa, tantas empresas desaparecem antes de completar um ciclo de prosperidade.
Quantos projetos não foram iniciados e abandonados? Quantas ideias promissoras viraram pó? A causa está naquela dor inicial que sentimos ao deixar a posição confortável. Muitas vezes, desistimos ali mesmo. Mas, ao superar a dor, o desânimo e o cansaço, a realidade se mostra mais clara. É como o fogo que resiste ao orvalho da madrugada: uma chama que já não se apaga.
Percebemos então que nosso pensar e nossas experiências dão sentido a tudo — sejam elas sombras ou realidade. A alegria da mudança é contagiante. Quando acontece, dificilmente alguém quer voltar ao estado anterior. De que adiantaria viver hoje sem um celular e ser considerado o rei do telégrafo? Qual o valor de ser o maior produtor de enxadas no mundo?
Essas honras ligadas à velha economia já não dizem nada. É melhor ser um ponto ativo na grande rede do que insistir em antigas ilusões.
Em análises anteriores falamos da sociedade da exclusão: sempre desconfiamos do outro, como se estivesse pronto a nos fazer mal. A reflexão fica ainda mais profunda quando alguém, ao nosso lado, fala do novo, do que está fora da zona de conforto. A reação comum é rir, ironizar ou desqualificar.
Quantos negócios, ideias e grupos foram esmagados por “homens da caverna”? O paralelo com Platão continua evidente. Quando muitos ouviram falar em gestão do conhecimento, foi apenas como sombra: tentaram usar as mesmas velhas estruturas para dar ares de modernidade.
Alguns poucos, porém, ousaram ir além das sombras. Procuram a cada dia o que é real e percebem que há muito mais a ser feito. A gestão e a mediação do conhecimento são hoje chaves fundamentais para estarmos presentes na nova economia e construirmos o futuro.
Vide A República de Platão, VII, 514-517a.
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