Pelo visto nossa memória histórica continua muito mal,
perdida em livros didáticos que são decorados para alguma prova e nada mais.
Rapidamente todos esquecem os grandes genocídios que aconteceram e que eles só
foram possíveis porque o silêncio de quem podia fazer algo gritou mais alto.
O exercício do poder nas suas mais diversas formas têm feito estragos cada vez
maiores. Até escrever uma opinião pessoal e colocar num local que pode ser
acessado gera um certo temor. É um risco, porque se alguém não gostar e for
quem tem a espada na mão será um problema.
Enfim, melhor seguir em frente. Já bati nessa tecla diversas
vezes e vou continuar. Nós ainda não nos reconhecemos como fazendo parte da
mesma espécie. A espécie humana no seu todo tem direito a vida. Assim, lembro
do tempo de escola. Tinha o colega que estava sempre batendo em alguém mais
fraco por qualquer motivo. A motivação não ficava clara, bastava um olhar
observador e sobrava. Até que um belo dia o mais forte da turma se incomoda com
a situação. A motivação dele também não era muito clara, tinha algo que não ia
bem. As vezes uma briga encolhia o recreio e isso ninguém queria.
Aí o mais forte numa briga dos outros dois, ia lá e batia
nos dois, colocava cada um para cada lado. As vezes até dizia que estava de
.... porque sempre eram os mesmos brigando e arrematava “vocês não têm coisa
melhor para fazer?”.
Minha dúvida fica porque também existiam as situações onde a
briga de dois acabava numa briga de dois grupos. Claro, algo como dois ou três
para cada lado. Isso nunca terminava bem, era pior do que a ação do grandão.
Bem, homens e mulheres ainda não se reconhecem como sendo da
mesma espécie e que é a espécie que se perpetua. Por isso temos todos esses
exageros de guerras desnecessárias, porque poderíamos estar disputando sobre
quem faz melhor para o maior conjunto de indivíduos. Nenhuma ditadura é a favor
da maioria, ela sempre só protege um grupelho.
Fica então a questão para reflexão. Se o meu vizinho
dissesse em alto e bom som para todos que quer me eliminar e fosse fazendo
pequenos atos que indicassem sua intenção: dificultar minha saída da garage,
jogar entulho próximo do meu portão, ficar fazendo carga e descarga de
materiais de construção na calçada na frente de casa e outros mais... oque eu
deveria fazer? Ficar de braços cruzados esperando a ajuda de alguém? Ir na
polícia e entrar na fila dos casos de ameaça sem agressão física?
Lembrei agora. É como aquele caso do furto no estabelecimento.
Depois que aconteceu e quem foi furtado comunicou num grupo de segurança da
vizinhança outros descobrem que a mesma pessoa passou antes pelos
estabelecimentos e que acharam estranho. Oras, quando achar estranho avisar os
outros que você também achou estranho não fará mal e deixará o alerta ligado.
Ligando com o anterior, meus antepassados vieram fugindo da
guerra. Minha avó contava que a mãe dela contava que mãe dela, avó da minha
avó, dizia que eles não tinham mais saída. Faltava tudo, a pobreza era extrema
e era preciso encontrar outro lugar para poder viver. Lutaram para estar aqui,
porque qualquer lugar era hostil. Deixaram tudo e foram em frente. Sou muito
grato pela dedicação e coragem que tiveram.
Guerras e outros ninguém quer. Porém, se continuam
insistindo em querer varrer alguém do mapa, uma cultura inteira, então que se
vá para a força maior, aquela que de fato fizer a diferença. Se hoje posso ler,
ter escolhas, ir aonde quiser e outras liberdades individuais é porque lá atrás
alguém pegou em armas e lutou contra a ditadura, a tirania. E se hoje
ditadores, torturadores, aproveitadores do bem que outros produzem, que se usem
as forças necessárias para contê-los para que lá frente outros possam continuar
sendo livres.
Será tudo isso uma ilusão que estou vivendo?